sábado, 5 de setembro de 2015

Escolher ou não escolher - eis a questão




Escolhas – por que são tão difíceis?

Eu sempre digo, ou melhor, eu sempre repito (embora não lembre a fonte) que toda escolha requer abrir mão de alguma coisa, independente do número de alternativas – aliás, a meu ver, quanto mais opções, mais difícil se torna.


O fato é que fazemos escolhas o tempo todo, o dia inteiro, todos os dias: acordar ou continuar dormindo; tomar banho de manhã ou quando voltar; que roupa usar e com qual sapato combinar, claro que pensando também na bolsa e nos acessorios (se é o primeiro encontro ou para conhecer os futuros sogros, então!); qual caminho fazer – e acreditar no programa de radio que me indica o que tem menos transito e me alerta para o trecho que, se for possível, eu evite ou, eu considere a minha intuição. Mesmo assim não são garantias de que foi uma boa escolha.

Como saber, então, quando será uma boa escolha?

Bingo!

Como abrir mão de algo? Especialmente se não fui criada para tal, do tipo “tive tudo o que eu quis, de 'mão beijada', não precisava escolher”.

Como voltar atrás se perceber que não foi a escolha certa?

Por que não damos ouvidos quando alguém tenta nos avisar?

Por que não seguimos nossa intuição? – para quem acredita que tem e para quem acredita que ela acerta na grande maioria das vezes…

Por que escolhemos, por vezes, caminhos que sabemos não serem certos? – ou tão certos como gostaríamos?

CASO você não lembre… TODAS, eu disse TODAS, as escolhas terão consequencias – boas ou ruins, mas terão. A grande questão é como lidar com essas consequencias.

Continuando a lista: como escolher o que fazer primeiro no trabalho? – para quem sabe administrar o tempo isso é facil ;)

Escolho com quem falar, com quem não falar; com quem almoçar e onde fazê-lo; escolho ir sozinha ou com alguém, e, por vezes, até escolho alguém só para não me sentir sozinha.

Escolho ir por um caminho ou outro para o almoço, escolho o restaurante – qualquer que seja o motivo.

Escolho o caminho de volta – pode ser o mesmo ou não. Tem quem goste de caminhar um pouco depois do almoço, mesmo com o incômodo do salto alto para nós “meninas”; ou aqueles que trocam por um par de tênis pelo menos nesse período.

Escolho sair do trabalho, ir à academia, ao cinema, à faculdade, à balada ou pra casa; ainda tenho a opção não sair do trabalho e levá-lo comigo se sou workaholic.

Escolho com quem ir à academia, ao cinema, à faculdade ou à balada.

Escolho ir pra casa ou dormir num hotel ou na casa dele: "na sua casa ou na minha"?


  
Há a escolha de onde e como dormir, horário e com quem.

E no dia seguinte tudo recomeça.

Algumas dessas mudanças são tranquilas – apesar de existir pessoas tremendamente indecisas e que sofrem com isso – pra elas até as mais simples leva-se um bom tempo.



 



E as escolhas mais complicadas, do tipo:
Escolha profissional
Escolher casar
Escolher engravidar e como educar
Escolher autorizar desligar os aparelhos de um ente querido doente
Escolher eutanasiar um animal ferido
Escolher a área / a abordagem / o assunto a seguir depois que terminar a faculdade
Escolher o tipo de cliente / paciente atender, ou seja, o seu nicho. 

 



Para nós psicólogos, talvez esse seja um dos maiores dilemas: escolher o nicho, escolher com que publico atuar.

Achamos que podemos dar conta de todos os casos que aparecem no consultório, por exemplo. Não afirmo que não; mas também não digo que sim com completa certeza.

Escolhendo um nicho, falamos a linguagem desse publico, a comunicação é direta e interessante para AMBOS OS LADOS. Você fala o que as pessoas precisam ouvir (mediante pesquisa de necessidades, por exemplo – estou sendo simplista, entenda) e elas te ouvem porque sentem segurança em você, já que você se dedica a esse assunto especificamente.

E é TÃO melhor falar com quem QUER te ouvir, com quem tem interesse no que você pode oferecer...

Mas gostamos de tantas coisas, como optar por uma, apenas? Abrindo mão das outras.

Simples e doloroso assim.

Simples e complexo assim.

A meu ver, o que está por trás é: o quanto estou disposta a abrir mão de outras opções em prol de uma apenas?

O quanto estou disposta a viver o luto por abrir mão dessas outras opções?

Por que é tão difícil pra mim abrir mão das outras opções?

O quanto suporto sustentar a escolha feita?

O quanto suporto sustentar as consequencias da escolha feita – seja ela errada mas principalmente, a decisão certa.

Tem gente que tem medo de acertar nas escolhas? SIM…. Mas esse será outro texto.
 


Eu utilizo duas formas. Se te ajudar, use...

Quando tenho muitas opções e é possível, eu me dou sempre duas alternativas por vez.

Um exemplo simplorio:
A ou B? escolho B
B ou C? continuo com B
B ou D? escolho D
D ou E? continuo com D
D ou F? continuo com D
Se D “ganhar” de todas as outras opções, levo D.

Mais uma vez, é óbvio que essa forma não serve para qualquer tipo de escolha que teremos que fazer.

                


A segunda forma que funciona muito pra mim é anotar no papel, literalmente, as vantagens e desvantagens de tal situação. 

 



Exemplo:
Trabalhar com a Maria no projeto “palestras em escolas”.

Anotei as vantagens e as desvantagens. Pra mim, que sou visual, as anotações me ajudam a ver ou conseguir imaginar / visualizar a situação para entendê-la e me facilitar o processo decisorio.



Um parenteses...Para quem não conhece, os termos visual, auditivo e cinestesico são conceitos da neurolinguistica.

Significam:
Visual aprende e interage melhor quando vê as coisas: o aluno que aprende melhor e mais facilmente quando há ilustrações, frases, lê, ou seja “vê a explicação”.

O cinestesico quando toca ou consegue sentir o que estuda, como se vivenciasse a situação.

E o auditivo aprende quando ouve, não ajuda muito mostrar graficos e telas, ele aprenderá melhor se ouvir tudo o que dissermos. Bem simplificadamente é isso.



Voltando às minhas anotações, o resultado foi: sete vantagens e duas desvantagens em fazer aquele trabalho com a Maria.

Vocês acham que eu escolhi o que? Montar um projeto para escolas com a Maria, sim, em alto e bom som. Numericamente, PRA MIM, foi bom. Além das vantagens em si, claro.

Às vezes mesmo tendo mais vantagens, eu posso não me sentir confortável com elas.

Nesse momento em que escrevo esse texto ele não está concluído, mas posso contar depois.


Pra resumir:
SE tiver que escolher objetos: dentre as opções que tiver, vá selecionando “esse ou aquele” e decidindo entre duas alternativas. Quem for “ganhando” permanece e é comparado aos demais até que outra alternativa ganhe. Caso leve “todos os pontos”, muito provavelmente está decidido.

É 100% eficaz? Não…. Como a vida também não é. Mas a mim ajuda.


SE não for objetos: faça uma lista com uma coluna Vantagens e outra coluna Desvantagens. Literalmente colunas uma ao lado da outra para comparar, mesmo, inclusive numericamente.

Se ainda assim estiver difícil - o que pode acontecer – talvez a indecisão resida em aspectos mais profundos. Conversar com pessoas da sua confiança, com um psicólogo ou com um coach pode auxiliar. E se você sentir que ajudou, vai fundo!

O que não dá é pra ficar na dúvida ou no “e se”. Certa vez ouvi: plantei um pé de “e se” no quintal de casa e nunca deu nada… O que quero dizer é que não escolher já é uma escolha, é melhor quando saímos do abstrato para o concreto. 

E, pra finalizar, não se preocupe, você NÃO ACERTARÁ TODAS! Aproprie-se de sua vida, de suas escolhas, suporte as consequencias e aprenda algo, SEMPRE.


Até o próximo E escolha deixar seus comentários ;)




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