segunda-feira, 10 de novembro de 2014

A dor psiquica - parte 2

Oláá

Eu comecei a escrever sobre a dor psiquica e continuarei aqui...

Será que ela existe no âmbito empresarial?

Por incrivel que pareça, sim. E do mesmo jeito. Dentre outros motivos, por isso é que surgem os conflitos entre as equipes, pessoas das quais não gostamos de trabalhar e o motivo pode ter mais a ver comigo do que propriamente com a pessoa - chamamos isso de projeção, em Psicologia.

Em outras palavras: somos seres humanos em constante relação, portanto, sociais. Logo, o outro (seja quem for) sempre "provocará" em mim certas reações e eu nele(a). É reciproco. (Ressalto que não apenas nas empresas, acontece o tempo todo, o dia inteiro, todos os dias e lugares)

Entendamos esse "provocar". É mexer com conteudos meus (e eu com os deles(as)) que se não trabalhados, a dor psiquica se manifesta, ganha força: é um problema interpessoal aqui, é um problema de falta ali, atestado acola e, consequentemente, o afastamento e o absenteísmo alto. Quem paga por isso é a empresa. E isso é caro! 

Você conhece alguma empresa doente? Existe? Sim, porque seu(s) dono(s) o são. Uma empresa não funciona por meio das paredes, do seu patrimonio, dos seus ativos ou das cadeiras. Quem faz os relatorios, as apresentações, as seleções e os treinamentos, as projeções, as vendas, as cobranças são..... pessoas!

Pessoas estas gerenciadas por outras pessoas, que por sua vez, também têm como seu superior, pessoas.

Conheci uma empresa em que quase todos os funcionarios, literalmente, tinham depressão algum tempo depois trabalhando - principalmente os que atuavam diretamente com a diretoria - e ficavam afastados. À epoca uma dessas pessoas não ia havia dois anos fazendo tratamento - e achavam isso um absurdo!  

Era familiar e pequena. Num ótimo local, fisicamente falando, com um espaço incrivel MAS subutilizado. O pai como diretor comercial saía todos os dias, só ia para o escritório no fim da tarde, quando ia. A mãe quase não se via por lá mas "era gente boa e deixava e até estimulava o riso". O filho, unico, era o diretor administrativo. Ele ficava no andar de cima e observava a todos no andar de baixo por meio de câmeras. Se alguém se levantasse para ir à mesa de outra pessoa, ele ligava para essa segunda perguntando o que fulano estava fazendo em sua mesa.

Alegavam que por já terem sido assaltados mais de uma vez é que colocaram as câmeras e a empresa de segurança (FORTE para uma empresa pequena, diga-se de passagem).

Quer dizer, o diretor era o doente NESSE CASO. E acabava afetando seus colaboradores. O clima era super ultra mega pesado, assim que entravamos nela dava pra sentir.

NÃO ESTOU DIZENDO PARA AS EMPRESAS NÃO TEREM SEGURANÇA E CAMERAS E AFINS...  mas não deixar seu colaborador respirar, controlar o tempo de ida ao banheiro, não deixar tomar água ou café - tranquilamente -, não deixar rir.... é de se estranhar, concorda?

No caso em que alguem ria, segundo relatos, ele ligava perguntando qual era a piada e se não tinham o que fazer. SE não tivesse era pra subir que ele mesmo arrumava algo.

Quem aguenta trabalhar numa empresa assim sem se "contaminar"? Qualquer pessoa trabalha num lugar desses? NÃO. Se ela sente o clima pesado, se ela percebe a quase falta de palavras e de educação, sente a falta de olhar entre os colaboradores... e ela não quer isso pra ela, definitivamente não é candidato para essa empresa. Quem aguentava alegava extrema necessidade financeira e PÂNICO de ser mandada embora por isso se submetia.

O clima era tão pesado que algumas pessoas andavam curvadas - literalmente, de novo.

Pois é... espantado(a)? Foi isso o que eu quis dizer com "dor que grita mas quase ninguém ouve; dor que não doi; dor que dilacera... tudo o que falei no começo do texto.

E você, é feliz na empresa em que trabalha? Está contente com sua escolha ou passa o dia projetando e procurando falhas nos colegas? Se está bem, que otimo! Se não está............. a vida é muito curta pra viver dias ruins.

Até o proximo.

P.S.: decidi que vou escrever de vez em quando, seja que assunto for... aliás já tenho várias textos, só vou digitá-lo aqui. Mas diga o que acha, combinado?


quinta-feira, 6 de novembro de 2014

A dor psíquica...


... é uma dor que não doi
... é uma dor que GRITA absurdamente alto mas que raramente alguém a escuta
... é uma dor que sangra mas não escorre pelos orifícios do corpo
... dilacera mas não deixa marca visíveis
... vem revestida de traumas, complexos, "paralisias", medos, fobias, desculpas, auto boicote
... "é a mãe de todas as dores" - alguém já disse
... não se aprende na escola a lidar com ela
... não há ferramenta da medicina que a arranque
... não existe operação que resolva
... não há esporte que a faça desaparecer
... não existe remedio pronto.

Então... como curá-la?

Por incrível que pareça, falando dela! "Mas nem sei que nome tem", você pode dizer. Ok, fale do que SENTE: aperto no peito; vazio; quando acontece tal coisa, sinto raiva; quando acontece x coisa, sinto tristeza; quando acontece y tenho vontade de.... ; lembranças....

Não é recomendado que se fale para qualquer pessoa tampouco para as redes sociais. Converse com quem sabe ouvir e vai respeitar essa dor: o(a) psicologo(a) é um dos profissionais que foi preparado para tal; psiquiatra idem, dependendo do caso.

Se não gostar deles, contar a um amigo de EXTREMA confiança também é válido. Alguém que não te julgue nem diga "isso é bobagem, deixa disso". Bobagem é essa frase. Quem a diz, talvez não consiga entender o que você está sentindo porque nunca se permitiu sentir. Ninguém é imune à dor psiquica. NINGUEM.

A diferença é que é tão, tão, tão, tão, tão mascarada (por vezes) que não vemos como dor. Porque ela é tão, tão, tão, tão, tão dolorida que não consigo entrar em contato.

Negar essa dor não é bom porque ela "se vinga". Para conseguir aparecer ela "convence" seu corpo a se emprestar para ela se manifestar: alguns tipos de câncer, problemas no estômago, na pele, enxaqueca, obesidade, anorexia, depressão etc etc etc.

Não que toda dor de estômago seja causa emocional - embora haja teoricos que dizem que sim, que TODAS AS DOENÇAS são emocionais, mas há quem diga que não.

Eu, particularmente, pendo mais para o lado que tudo tem fundo emocional, sim. Basta escarafunchar bem. Às vezes não tão grave mas é sim manifestação da dor psiquica, do inconsciente. Se não for, porque manifesta exatamente nesse orgão?

É bom ficar alerta se é muito frequente a enxaqueca, por exemplo, especialmente se vai ao medico e ele diz que você não tem problema nenhum. Em outras palavras, ele descarta a hipotese bio e fisiologica, a forma do seu organismo funcionar... Nesse caso por que não olhar mais de perto para isso? Por que não olhar pra você mesmo(a) e se perguntar: o que está acontecendo comigo?, o que, EXATAMENTE, estou sentindo? quando sinto isso?, o que acontece que começo a me sentir assim?...

É muito bom conseguir ser o mais sincero(a) possível com você mesmo(a) pra responder a essas perguntas.

E quando vier algo à cabeça, não dizer "isso não tem nada a ver". Arrisco dizer que a primeira coisa que vier talvez tenha TUDO a ver. Coloque uma lupa, observe mais detalhadamente, mais de perto, esmiuce, detalhe essa resposta. Ela pode ser a ponta do novelo que vai desenrolar uma historia marcante para o seu inconsciente. Por isso é instransferível. Cada um tem a sua dor psiquica.

Na faculdade, lembro-me de professores que diziam: "cada terapeuta tem o paciente que merece". Ainda: "o seu primeiro paciente será aquele que vai mexer com o que não é resolvido em você, psicologo(a)". E ressaltava a importancia da supervisão e da terapia pessoal - para saber diferenciar o que é nosso e o que é do paciente. E sabemos que isso é super verdade e que é imprescindivel nos cuidarmos para cuidar do outro.


E numa empresa, será que isso acontece? Pretendo contar no próximo post...

Até aqui, o que achou?

Um beijo, e até.