1995 -
Ingresso na faculdade de Psicologia, Universidade Guarulhos. TUDO
novo: pessoas, ambientes, professores, alunos; não precisava mais
pedir ao professor para ir ao banheiro ou mesmo sair da sala; entrar
e sair a hora que quisesse, afinal, estava na faculdade, portanto
uma pessoa adulta e responsável pelos seus atos; e tratada como tal,
na teoria.
Termina-se
namoros, por vezes começa-se outros. Conhece-se tanta gente
interessante – que no decorrer da vida você descobre que não era
tão interessante assim mas, de novo, tudo era novidade até então,
logo, valia. A facilidade para conhecer pessoas era impressionante! E
de quase todas áreas, iguais ou não à sua.
1996
– procura-se por estágio, afinal é bom encontrar “enquanto
estudante”, senão, depois que se forma é muito mais difícil;
piorando mais ainda quando você tem que responder “você procurou
estágio durante a faculdade?” na hora da entrevista.
Para
quem consegue, mais gente interessante no pedaço, mais outras mil
possibilidades. Começa-se a perceber que nem sempre é possível
colocar a teoria em prática. E conflitos podem surgir.
1997
– ufa... terceiro ano. Cadê os dois primeiros? Alguém devolve,
por favor...
Dizem,
em Psicologia, que esse é o ano decisivo: você será mesmo
psicólogo (a) ou não. Começam os testes psicológicos e para a
aplicação, mensuração e aprendizado aplica-se na na população
cadastrada.
Alguns
bem difíceis mas igualmente interessantes. Tem um que mostra a
estrutura da personalidade de quem se submeteu a ele. U A U.
A
essa altura as pessoas e lugares já não são tão novidades assim
mas é um caminho sem volta: você é um adulto e tem que aguentar a
pressão e as cobranças, de tudo e de todos.
1998
– ainda é difícil perceber que tudo o que aprendemos faz parte de
uma coisa só, pois vemos o ser humano de acordo com a aula do dia:
biológica, social, mental ou psíquicamente. Eita gente complicada.
Começa
alguns estágios obrigatórios e você tem que dar conta além do seu
trabalho em horário convencional, da aula à noite, dos relatórios e afins
no final de semana, de todas as matérias – um pequeno detalhe.
O
cansaço começa a te visitar. As amigas já não são tão
maravilhosas - há um tempo – mas sim chatas e diferentes de você.
Os trabalhos em grupo, ai ai ai. Cada um do seu jeito. Cada um com
sua opinião que considera “A” certa, “A” melhor. Quando
todos do grupo efetivamente contribuem, claro.
Junto
com tudo isso, as provas. Quem disse que prova, prova alguma coisa?
Que disse que algo escrito num papel timbrado num momento de nervoso
prova o quanto sei ou aprendi a respeito de um ser humano?
1999
– Ui... ultimo ano. Alguém me devolve ou me explica onde eu estive
esses últimos anos, por favor!
Agora,
reta final. Mais estágios e supervisão do que aulas. E in fi ni ta
men te mais relatórios. A essa altura você chama Freud de meu amor,
por vezes ironicamente, outras para não falar palavras feias.
Esquece completamente que devido a ele existe o curso, o qual você
está terminando, inclusive.
Você
já mudou de grupo por falta de entendimento com uns e outros.
Estágios.
Relatórios. Supervisão.
Relatórios.
Relatórios. Relatórios.
Supervisão.
Mais relatórios. Relatórios.
Começa
o tão esperado atendimento clínico, sob supervisão, obviamente.
Você aprendeu na teoria o que tem que ser feito. Ok.
Você
esperando o seu futuro primeiro paciente, e seu futuro primeiro
paciente esperando sua (seu) futura psicóloga(o). Te avisam que ele
(a) chegou.
Ao
avistá-lo, se você abrir a boca para cumprimentá-lo, o coração
sairá antes de dizer “olá”. Se estender a mão todos acharão,
inclusive você, que tem Mal de Parkinson. Fora que no caminho para
buscar o (a) paciente, dá AQUELA vontade de ir ao banheiro... coisa
que não tinha acontecido há segundos atrás pois faz uma semana que
você não toma água, portanto, não era para o seu querido
organismo dar o ar da graça. Tem uma pessoinha te
aguardando.
Concomitantemente,
você está tentando lembrar o que tem que falar, perguntar,
registrar, ouvir, atentar, ou melhor... registrar, perguntar, falar,
registrar, atentar, registrar... Não! É perguntar, ouvir,
registrar, falar... SO COR RO! Posso voltar pro primeiro ano?
E
relatórios, supervisão, relatórios, supervisão. Arruma isso,
melhora aquilo, tira aquilo outro, pesquisa isso, e mais isso, e
escreva melhor. Resumo: refaz pra semana que vem.
E o
amor vai aumentando pelo professor, pelo supervisor, por todos da sua
família a ponto de você sentir vontade de mandá-los para a
Tailândia. E você, parar o mundo para descer.
Meio
do ano. Isso significa que falta a eternidade do último semestre
para terminar a faculdade. Formatura. Ahhh, a tão sonhada que só
chegará no século que vem...
Relatórios.
Relatórios. Supervisão.
Muda
de paciente – o seu segundo futuro - mas as mesmas sensações.
Faltando
um mês para terminar alguém tem a brilhante ideia de anotar na
lousa os dias que faltam para e fe ti va men te acabar. Os dez
últimos vêm desenhado...
Faltam
10 dias.
Faltam
9 dias.
Faltam
8 dias
Faltam
7 dias
Faltam
6 dias
Faltam
5 dias
Faltam
4 dias
Faltam
3 dias
Faltam
2 dias
ÚLTIMO
DIIIIIAAA
Fogos,
rojões, despedidas, felicidades, tá acabando... acabou!!
No
dia seguinte.....................................................................................................: eu
sou psicóloga, mas o que é ser uma psicóloga? Oi... tem alguém
aí? O que psicólogo faz mesmo? Quem é Freud? Por que todo mundo
fala do Freud, o que ele fez?
Agora
você não é só um adulto, você é um adulto profissional. Com
diploma. “Doutor (a)”, diriam os mais vividos. Gente grande.
Responderá civil e/ou penalmente, se for o caso, ao fazer algo
errado... Gente grande com responsabilidades... ei, tem alguém aí
pra me ensinar como ser gente grande? Eiiii....
E aí
que surge o coach. Ele pode te auxiliar a se sentir preparado (a)
para exercer a sua profissão. Qualquer que seja. Deixar de ser um
estudante para ser profissional, a transição desses papeis,
assusta! Como todos os papeis que não desempenhamos, ainda, o seu
início é desafiante, conturbado, difícil, confuso... afinal de
contas, não sabemos nem por onde começar.
O
processo de coaching pode auxiliar nesse início, auxiliar na
construção da identidade e de um plano de ação, a entender essa
etapa, por fim, a transicionar por esses papeis formando uma base sólida. Ele
vai te fazer pensar e voltar a colocar as coisas no lugar e CADA
COISA NO SEU LUGAR E NO SEU TEMPO para você se sentir seguro do e no
seu futuro.
E
isso vai se repetir a cada novo papel a ser exercido, praticado. Até
adquirir a experiência necessária para o próximo, e para o
próximo, e mais o outro... e ter histórias pra contar, e, quem sabe, começar a auxiliar
outras pessoas a encontrarem os seus caminhos e o desconhecido não
assustar mais tanto?
O
coaching é um processo de transformação.
Como dito nas formações, parte-se do estado atual para o desejado.
Como você está hoje e como quer estar daqui cinco anos, por
exemplo?
E,
pra finalizar, no ano seguinte vem uma enxurrada de convite de
casamento afinal “acabou a faculdade”, o único ou maior
empecilho que tinham, segundo os noivos.
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